Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Brega do Passado domingo, 18 de setembro de 2022

WALDICK SORIANO, O ÍCONE DO BREGA

 

WALDICK SORIANO, O ÍCONE DO BREGA

Raimundo Floriano

 

 

(Caetité (BA), 13.05.1933 – Rio de Janeiro (RJ), 04.09.2008)

                        Eurípedes Waldick Soriano – ou Waldik, como ele se assinava na Década de 70 –, até completar 25 anos, exerceu várias profissões: lavrador, peão, faxineiro, engraxate, servente de pedreiro, motorista de caminhão, garimpeiro, sanfoneiro e violonista. Em 1959, tentou carreira artística em São Paulo, procurando, sem êxito, um lugar nas rádios Record e Piratini.

 

                        Na Rádio Nacional, naquele mesmo ano, foi apresentado ao diretor artístico da Chantecler, sendo contratado para gravar Quem És Tu?, de sua autoria.

 

                        Começou, então, a aparecer, marcando o estilo com uma mistura de Bienvenido Granda, Anísio Silva, Nélson Gonçalves e Vicente Celestino, vestindo-se de preto e com óculos escuros, uma cópia do seu ídolo cinematográfico Durango Kid.

 

                        Com um repertório de músicas no estilo dor-de-cotovelo – ou brega, rótulo que ele abominava –, destacou-se, com outros sucessos como Tortura de AmorA CartaEu Não Sou Cachorro NãoPaixão de Um HomemPerfume de Gardênia e Angústia.

 

                        Esse estilo brega fazia as mulheres sonharem, muitas delas famosas colunáveis. No que ele soube muito bem aproveitar. Passou pelas armas todas as que quis. Palavras suas, ao definir seu sexo: “macho, certidão reconhecida em todo o Brasil, principalmente nos cabarés de ponta de rua”.

 

                        Na Crônica da Cidade de 05.09.08, do Correio Braziliense, a jornalista Conceição Freitas diz: “Waldick foi um encantador de mulheres. Fala-se em quatro – oficiais –, mas a quantidade de viúvas que ele deixou deve superar os dois dígitos. Falo pelo que vi naquela noite (em que o entrevistou). Um homem que se aproxima de uma mulher como se ela fosse a jóia mais preciosa da natureza. E a única. Diante dela, o mundo deixa de existir”.

 

                        Em 1975, no auge de sua carreira, o semanário Pasquim, órgão da Editora Codecri, que reunia a nata da intelectualidade da época, dedicou-lhe espaço para longa entrevista, depois transforma no livro cuja capa ilustra esta matéria.

                        Uma de suas declarações, definindo deu sexo: “Macho, com certidão reconhecida em todo o Brasil, principalmente nos cabarés de ponta de rua.”

 

                        Outra, referindo-se às agruras se seu tempo de garimpo, onde não havia mulher: “Para o leitor ter uma ideia de como a situação era difícil mesmo, nós improvisávamos festas, exclusivamente de machos. Homem dançando com homem. Aquele negócio grotesco ‘malamanhado’, como se diz no Norte, ou mesmo a expressão ‘homem com homem dá lobisomem’. Na maioria das vezes, Waldick safava-se, por ser o sanfoneiro escalado.

 

                        Mais outra, quando à vida de caminhoneiro: “Gostava de ficar noivo por onde passava. Não podia ver uma donzela bonita, despontava logo uma paixão, uma loucura, de repente, queria falar com a família para pedi-la em casamento. Se deixassem, eu casaria com todas as mulheres encontradas. Uma coisa em aprendi: os pais não entendem os filhos. Quantas meninas queriam casar comigo, e os pais não deixavam, por não verem futuro na vida de motorista e sanfoneiro. Aquino era uma ‘paixonite’ lascada, e tome pinga pra dentro de desgosto! Sentia-me incompreendido. Como não aceitar um bom sujeito como eu para genro? Era uma sacanagem! Também tinha uma coisa, se brincasse, eu carregava a dona! Comigo, o buraco era mais embaixo, tretou, em carregava, era só a mulher querer.”

 

Waldick com seu violão e com sua 8 Baixos no Programa Flávio Cavalcanti 

                        Os novos modismos fizeram-no esquecido da mídia por um bom tempo. Mas, no ano passado, voltou aos holofotes, ao ser lançado o documentário Waldick, Sempre no Meu Coração, dirigido pela atriz Patrícia Pillar.

 

                        Faleceu no Rio de Janeiro, a 04.09.2008, vítima de um câncer de próstata do qual há dois anos se tratava.

 

                        Deixou mais de 400 músicas de sua autoria gravadas, não só por ele, mas também por grandes intérpretes como Altemar Dutra, Osni Silva, Cláudia Barroso, Agnaldo Timóteo, Maria Creusa, Nélson Gonçalves, Fagner, Fafá de Belém, Lula Queiroga e o humorista Falcão.

 

                        A seguir, duas peças raríssimas de seu trabalho. 

                        Com sua sanfona de 8 baixos, interpretando o choro Paraquedista, a que ele deu uma roupagem de maxixe, de José Leocádio, gravação de 1962: 

 

                        E o bolero Sempre no Meu Coração, de Ernesto Lecuona e versão de Mário Mendes, gravação de 1964. 

 

                        E mais, estas preciosidades: 

                        Quem És Tu?, bolero de sua autoria, primeira gravação de sua carreira:

 

                        Paixão de Um Homem, bolero de sua autoria:

 

                        Perfume de Gardênia, boleto de Rafael Hernandez:

 

                        Eu Não Sou Cachorro Não, bolero de sua autoria:

 

 


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