Rosilda, do lar, e Mário, funcionário público municipal, estavam vivendo a crise dos dez anos de casamento. Influenciada pelas novelas da televisão, a mulher se impressionou com a onda de adultério que reinava no mundo, e botou na cabeça que o marido lhe era infiel. Achava que os homens eram caçadores e viviam em busca de aventuras. Eram infiéis pela própria natureza.
Por isso, Rosilda tornou-se agressiva e desconfiada. Amanhecia o dia “dando coice no vento”, sentindo-se traída, sem razão aparente. Farejava chifres, não acreditava no que o marido dizia, e procurava motivos para demonstrar sua insatisfação na vida conjugal.
Na verdade, o maior defeito de Mário era, uma vez por outra, depois do trabalho, encontrar-se com alguns amigos e tomar uma cervejinha, no bar localizado nas imediações de sua casa. Esse papo ia somente, até se aproximar a hora do jantar.
Apesar de não ser santo, sua média, como chefe de família e pai, era dez. Entretanto, bastava entrar em casa, para que a esposa o “espinhasse” com mil perguntas maliciosas, à procura de indícios de sua infidelidade.
Rosilda, com sua voz gasguita e insinuações irritantes, foi tirando a paciência de Mário. Aos poucos, o inferno se instalou dentro de casa, sob o olhar aflito dos três filhos pequenos.
Católica por tradição, aos domingos à noite Rosilda ia à Missa com o marido e os filhos. Também mantinha o habito de comungar toda 1ª sexta-feira do mês.
Numa quinta-feira à tarde, Rosilda foi à Igreja se confessar e contou ao padre que estava prestes a se separar do marido. Disse-lhe que suspeitava de estar sendo traída; que o marido chegava tarde em casa e sempre com hálito de bebida; também não lhe dava mais o carinho e atenção dos primeiros meses de casamento. Falou das brigas constantes, provocadas por ela.
O padre lhe deu conselhos para que não agisse precipitadamente e pensasse na falta que o pai iria fazer aos filhos, se houvesse a separação.
Pensando em preservar a instituição da família, o vigário teve uma ideia “bem bolada”. Avisou, durante a Missa, que iria distribuir às mulheres com problemas conjugais, um remédio eficaz para a reconciliação. Na manhã seguinte, na Sacristia da Igreja, formou-se uma fila para a entrega do remédio. A primeira da fila era Rosilda.
O nome do “medicamento” era “Água Santa”, distribuído em garrafas de 500 ml, com rótulo.
Chegando em casa, Rosilda, sozinha no quarto, leu o prospecto, onde estava escrito: “Colocar na boca 5 colheres de “Água Santa” e se ajoelhar durante 30 minutos, de boca fechada, sem engolir. O procedimento deve ser feito à noite, na hora exata em que o marido entrar em casa. Com 15 dias de tratamento, o resultado será surpreendente. Caso seja necessário, o tratamento pode ser prorrogado, até que a paz volte a reinar, no ”lar, doce lar”.
E a água potável fez efeito…