Fechado durante a pandemia, o Teatro Poeira reabre nesta terça-feira (18) com a exposição “Antes e depois dos espetáculos”, uma declaração de amor das idealizadoras do espaço, as atrizes Marieta Severo e Andréa Beltrão, à arte e aos mais de 160 espetáculos e 300 mil espectadores que passaram por lá. Com curadoria da multiartista Bia Lessa, a mostra, instalada por todo o casarão histórico de Botafogo —incluindo fachada, camarins, coxias e plateia —, convida o público a passear pelos alicerces do teatro e a refletir sobre novos caminhos.
—A exposição não olha apenas para trás, porque teatro é futuro todos os dias. A ideia é que as pessoas vivam isso, porque teatro também é diálogo. Não é à toa que a exposição invade a rua— afirma Bia Lessa. — Vivemos em uma sociedade onde o consumo é o valor mais importante, e o teatro rompe essa barreira. No espetáculo, encontramos vida.
Aos objetos de cena, fragmentos de textos encenados e pedaços de cenários incorporados ao projeto, somam-se imagens da vida real, com fotografias de queimadas e de um lixão. Para Marieta Severo, a exposição é também uma resposta aos recentes ataques à cultura.
—Estamos aqui, vivos, e somos potentes. É mágico reabrir o teatro dessa maneira. É um brinde à vida.— diz a atriz.
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Como parte da celebração de 15 anos, serão oferecidas ainda oficinas e seminários gratuitos até setembro, com participação de nomes como Felipe Hirsch, Marcio Meirelles, Fernando Philbert, Gilberto Gawronski e Matei Visniec.
Espaço de encontro
O desejo de reencontro com o público, em resposta à distância nos grandes teatros, foi o que guiou a criação do Poeira, em 2005, afirma Marieta Severo, que se uniu à amiga de longa data Andréa Beltrão para dar vida ao projeto.
As duas se conheceram na montagem de "A estrela do lar", de Mauro Rasi, em 1989, e, entre palco e camarim, a parceria se formou. Na lista de trabalhos juntas, tem ainda o espetáculo "A dona da história" (1998), a série "A grande família" e, atualmente, a novela "Um lugar ao Sol", no ar na TV Globo na faixa das 21h.
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A empreitada começou do zero, e as idealizadoras fizeram questão de participar de cada detalhe, do funcionamento da bilheteria à acústica do palco, com a ajuda do diretor teatral Aderbal Freire-Filho, que se uniu ao projeto.
—O maior susto foi o preço. Começamos pensando em um trailer no fundo de um terreno e acabamos com isso tudo aqui, um castelo. — afirma Marieta que, junto com Andréa, bancou o investimento a partir do próprio bolso.
O Teatro conta ainda com a arrecadação da bilheteria e apoio privado, mas raramente há lucro, e tudo é usado para a manutenção da casa e das equipes, segundo as proprietárias.
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— Gostamos de apoiar tentativas de voo e projetos com qualidade artística. Esse é o critério de escolha dos espetáculos que ocuparão o palco. Essa exposição é o grande balanço dessa trajetória. Ver tudo isso me dá vontade de fazer mais. Vamos embora para mais 15 anos! — convida Andréa, que volta aos palcos com Marieta na peça “O espectador condenado à morte”, de Matei Visniec, prevista para maio.
Serviço
"Antes e depois dos espetáculos". Teatro Poeira. Rua São João Batista 104, Botafogo (2537-8053). Qua a sáb, das 16h às 21h. Dom, das 16h às 19h. Grátis. Até março.