Está aí uma categoria que se tornou um perene gênero cinematográfico: sim, os filmes de Natal, com histórias em torno da data religiosa, continuam a ser produzidos aos montes. Abaixo, confira uma lista de indicações para ver neste fim de 2020, em seleção realizada por críticos de cinema do GLOBO.
Daniel Schenker
‘Sintonia de amor’ (1993)
No Natal, o pequeno Jonah entra em contato com um programa de rádio e diz que Sam, o pai viúvo, se sente muito triste e, por isso, gostaria que ele se casasse novamente. Num outro ponto dos EUA, Annie ouve e estabelece conexão afetiva imediata. A diretora Nora Ephron apresenta, de forma delicada, as trajetórias dos dois personagens (Tom Hanks e Meg Ryan) que transitam entre Seattle, Chicago, Baltimore e Nova York. “Sleepless in Seattle” proporciona ainda uma deliciosa viagem ao passado por meio da trilha e da referência ao filme emblemático “Tarde demais para esquecer” (1957), de Leo McCarey. Now e HBO.
‘Um passado de presente’ (2019)
Cole (Josh Whitehouse), cavaleiro que vive nas florestas da Inglaterra no século XIV, desembarca nos EUA (Ohio) em pleno século XXI, nos dias anteriores ao Natal. O destaque da história é o estranhamento de Cole em relação à linguagem, às inovações tecnológicas e aos hábitos com os quais se depara. Mas Monika Mitchell evita imprimir um registro de humor escrachado. Netflix.
Marcelo Janot
‘Papai Noel às avessas’ (2003)
O diretor Terry Zwigoff é especialista em retratar outsiders e ganhou notoriedade com o documentário “Crumb” (1994), sobre o lendário cartunista. Em 2003 ele subverteu os filmes natalinos com este que é um dos exemplares mais divertidos do gênero. Billy Bob Thornton é um assaltante que faz bicos como Papai Noel de shopping, seu local preferido para executar roubos (com a ajuda de um assistente anão). Claro que tudo o que as crianças não querem encarar no Natal é um Papai Noel alcoólatra e tarado, mas ele acaba desenvolvendo uma curiosa amizade com um menino solitário que sofre bullying. E Zwigoff consegue transmitir a mensagem natalina sem sacarose e hipocrisia. Now.
‘Perigo próximo’ (2016)
Para quem acha que filmes natalinos podem servir de manancial para bons sustos, essa coprodução entre Austrália e EUA inédita no circuito brasileiro é ótima pedida. Como numa espécie de “Esqueceram de mim” de terror, recheado de humor negro, a trama dirigida por Chris Peckover traz um adolescente de 12 anos tentando seduzir sua baby-sitter às vésperas do Natal. Ao ser rejeitado, ele faz a moça de refém e se revela um jovem psicopata. Google Play, Apple iTunes, Now.
Mario Abbade
‘A felicidade não se compra’ (1946)
O eterno clássico de Frank Capra é unânime quando se pensa em filmes sobre o Natal. E sua mensagem sobre os males da ganância e sobre a importância de se ter fé e esperança está até mais atual do que em 1946, ano que o filme foi feito. Old Flix.
‘Crônicas de Natal: parte dois’ (2020)
O primeiro filme deu tão certo que o diretor Chris Columbus retorna a trama com os fofos Kurt Russell e Goldie Hawn, que repetem seus papéis de Papai e Mamãe Noel para impedir que um encrenqueiro cancele o Natal. Netflix.
Ruy Gardnier
‘Conto de inverno’ (1992)
O episódio dedicado ao inverno na série “Contos das quatro estações”, de Eric Rohmer, é discretamente construído sem muita exaltação até chegar ao ápice dramático por meio de um milagre natalino. Na neve parisiense, Félicie vive com a filha de 5 anos, fruto de um romance que se perdeu no vento. A lembrança desse amor faz com que ela não consiga se decidir entre os pretendentes Loïc e Maxence. Belas Artes à la Carte.
‘Alguém avisa?’ (2020)
O conhecido filão humorístico “levar o/a namorado/a para conhecer os pais” ganha uma variação lésbica natalina em que Kristen Stewart e Mackenzie Davis são um casal, mas a segunda nunca saiu do armário para a família. As duas vão ter que passar o Natal fingindo ser amigas. Clea DuVall, mais conhecida como atriz, assina o segundo longa como diretora. Now.
Sérgio Rizzo
‘Se meu apartamento falasse’ (1960)
O diretor Billy Wilder e seu fiel escudeiro, o roteirista I.A.L. Diamond, vinham do êxito “Quanto mais quente melhor” (1959) quando fizeram esse outro clássico, também com Jack Lemmon, no papel do solitário que empresta o apartamento para encontros extraconjugais do chefe. Aula de diálogos espirituosos e de como erguer uma história sedutora. Telecine, MGM, Apple TV.
‘Amor com data marcada (2020)’
Comédia romântica que ironiza o espírito natalino e as etiquetas sociais de fim de ano (e também de outras celebrações). Incomodada com a pressão da família para namorar, uma jovem (Emma Roberts, sobrinha de Julia) combina com um australiano (Luke Bracey) que irão juntos às festas, mas sem compromisso. O arranjo funciona por algum tempo, mas, ah!, o coração... Netflix.
Simone Zuccolotto
‘Esqueceram de mim’ (1990)
Clássico que completa 30 anos do lançamento, virou trilogia e eternizou o ator, agora quarentão, Macaulay Culkin (que não está no último filme). Quem foi criança nos anos 90 não apagou da mente as estripulias de Kevin ao enfrentar dois bandidos na própria casa depois que a família o deixa pra trás e parte para uma viagem natalina. Disney+.
‘O presente de Natal de Ângela’ (2020)
A animação é uma continuação de “O Natal de Ângela”, produção Canadá/Irlanda que traz de volta a fofa protagonista do título. Baseada nos personagens de Frank McCourt, que ganhou o Prêmio Pulitzer com o livro “As cinzas de Ângela”, o filme não escapa aos clichês das produções do gênero com mensagens de amor, fraternidade e união, mas a simplicidade da história comove. Netflix.
Susana Schild
‘De ilusão também se vive’ (1947)
“Miracle on 34th street”, de George Seaton, é um dos grandes clássicos natalinos: idoso contratado para trabalhar em loja de departamentos vestido de Papai Noel passa a acreditar que é a encarnação do próprio. Enquanto médicos atestam insanidade, um advogado defende a causa e uma menina (Natalie Wood, aos 8 anos) aprende que acreditar na fantasia compensa, assim como incorporar os valores da data. YouTube.
‘Uma segunda chance para amar’ (2019)
Os encontros inusitados podem render ótimos frutos. É o caso de muitos clássicos e matriz desta comédia romântica de Paul Feig que aproxima dois desgarrados: ela é Kate (Emilia Clarke), que trabalha como elfo numa loja de produtos de Natal; ele é Tom (Henry Golding), charmoso, gentil e de passado misterioso. Com Emma Thompson no elenco (também corroteirista), a direção de Paul Feig não economiza no clima “fofo”. Play Filmes.