GLOSAS
Mote da colunista:
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.
Já é tempo de eleição
E eu assisto no jornal
O programa eleitoral
Candidato e falação
É uma esculhambação
Ocupando o picadeiro
Nunca vi maior salseiro
Entre o sujo e o mal lavado
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.
Ficha suja não podia
Concorrer em eleição
Gritaram seu nome em vão
Porém o povo sabia
Que o tal partido iludia
O eleitor companheiro
Nunca se viu prisioneiro
Em urna sendo indicado
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.
Uma faca apareceu
No meio da multidão
Não sei de quem foi a mão
Que aquela mão má ergueu
E o vitimado cresceu
Comovendo o povo inteiro
Chegando a ser o primeiro
Mesmo sem ser preparado
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.
Vi arrotando arrogância
E sendo contraditório
Em seu interrogatório
Usava de discrepância
Pela sua ignorância
Pelo seu jeito coiceiro
Não é mesmo um cirandeiro
É jumento batizado
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.
A mulher bate nos peitos
E clama por igualdade
Mas some na realidade
E só volta em novos preitos
Falando em nossos direitos
Esnobando ex-companheiro
Escondida no palheiro
Não vem para o nosso lado
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.
Contudo ao que me parece
Embora eu goste da vice
São Paulo é só mesmice
E acusação aparece
Tem gente fazendo prece
E despachando em terreiro
Pois dinheiro aventureiro
Em caixa dois foi citado
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.
Eu não caprichei na glosa
E nem quis explicitar
Pois nem sei em quem votar
A disputa é desditosa
Sem pátria vitoriosa
Nada é alvissareiro
Estamos sem paradeiro
No mote dou meu recado:
O Brasil está lascado
Coitado do brasileiro.