A menos de um mês do início do verão, a busca pela barriga perfeita não precisa necessariamente passar pela academia de ginástica. No Rio, uma nova tendência em bares e restaurantes tem exercitado o paladar do freguês. Untuosa e suculenta, a barriga de porco é um dos cortes suínos mais saborosos e ganha espaço nos cardápios em diferentes versões, do tira-gosto ao prato principal. Vale cada caloria.
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Valorizando a produção local e focado na cozinha de ingredientes, o chef Lucio Vieira tem sempre uma sugestão da iguaria do momento para incrementar o menu do dia (R$ 92, com couvert, entrada, principal e sobremesa) do Lilia, no Centro. Sua criação mais recente traz o corte cozido lentamente e defumado, servido com purê de banana e picles de nabo. Equilíbrio perfeito em uma só garfada.
— Como o teor de gordura é alto, a barriga transporta muito bem o sabor dos ingredientes trabalhados nela e harmoniza com contrastes, o que é ótimo para elaborar pratos — explica ele, que trabalha o corte no fogo a 60° por 12 horas. — É um corte que aceita bem notas mais doces e frutadas, como o tradicional porco com abacaxi. No Lilia, pegamos as cascas de banana usadas na sobremesa com o nabo, que tem um sabor mais ardidinho.
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O ingrediente também tem espaço cativo em outra casa de Lucio, o charmoso Labuta Bar, também no Centro. Resgatando os ares boêmios da Rua do Senado, o lugar aposta em toda a positividade da barriga, seja para acompanhar a cervejinha ou no PF de cada dia. Na hora do almoço, uma das opções mais esperadas no letreiro que exibe o menu é a barriga de porco com creme de milho. A partir das 15h, quando entra o cardápio de petiscos, a pedida é o torresmo de barriga (R$ 18).
De decoração atrevida, o Canton, em Copacabana, transborda irreverência, inclusive no cardápio. No restaurante de comida peruana com sotaque chinês, a carne de porco aparece em diferentes pratos. Mas o grande sucesso é uma receita feita com o corte da barriga, o Siu Yok (R$ 54). São 200g de barriga de porco crocante que chegam à mesa com pãozinho cozido no vapor, molho hoisin, picles e alface para serem montados a gosto do freguês.
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Da Zona Norte, o Costelas é um especialista no tema. Na edição de 2019 do Rio Gastronomia, vendeu barriga que nem pipoca — literalmente. Um dos petiscos mais desejados daquele ano, a pipoca de barriga de porco com tempero de lemon pepper surgiu meio que por acaso, com o incômodo do cozinheiro em desperdiçar uma parte tão suculenta das peças das costelas que trabalhava.
— Ficava incomodado com aquela quantidade que sobrava. Comecei a fazer torresmo, mas ficava igual a todo mundo. Passei a cortar em cubos menores e deu certo — conta Rodrigo Mendes, que decidiu investir num tempero diferente também. — Fui testando até chegar nas raspas dos limões siciliano e taiti, alho desidratado, pimenta do reino e sal, que é a base do lemon pepper.
O petisco ainda reina absoluto no botequim que está de casa novíssima, na Tijuca, e vende o prato em porções de 150g (R$ 19,90), temperadas apenas depois de fritas.
Figurinha fácil nos botequins da cidade, a barriga inspira mais de uma opção do cardápio da Liga dos Botecos, um hub que une Bar do Momo, Cachambeer, Botero e Bar da Frente, com sedes em Botafogo e mais recentemente no Flamengo.
Uma que arranca suspiros quando desfila pelo salão é um petisco com nome de biscoito: o palmier de porco, crocante e tenro, feito da barriga marinada, pode brilhar sozinho (R$ 38) ou na tábua porquinho de diversões (R$ 94,90), que leva ainda pipocas de porco, porquinhos de quimono, croquetes de joelho de porco e pastéis de pancetta, com molhos de mostarda de abacaxi, barbecue e creme de limão.
No Boteco Rainha, no Leblon, o torresmo de barriga (R$ 32) parece ter sido matematicamente diagramado pelo chef Pedro de Artagão para ter as quantidades precisas de gordura e carne em cada quadradinho, além da capa pururucada sequinha por fora. Ainda que a porção seja farta, sempre fica aquele gostinho de quero mais.
Todo trabalhado no carisma, o torresmo de barriga à pururuca (R$ 59) da dB House é um dos carros-chefes do cardápio da casa especializada em carnes, com unidades na Barra e na Taquara. Molhadinha por dentro, mas sem perder o croc jamais, a peça de cerca de 400g é servida com molho barbecue artesanal.
Aberto há um ano em Laranjeiras, o QSeFood tem como lema ser lugar de comida feliz. E para se chafurdar de alegria, tem o De Tudo um Porco, a versão de feijão com arroz, acompanhados de barriga de porco com limão e batata frita da casa servidas nas panelinhas (R$ 32,90).
Pedida certeira no executivo do D’Heaven (R$ 79, com entrada e sobremesa), um dos três restaurante da chef Heaven Dehaye, na Barra, a barriga de porco é servida pururucada, com minibatatas, cebolinha dourada, alho confit, picles de mostarda, purês de maçã verde e de cebola queimada.
Conhecidos como barrinhas de cereal, os torresmos de barriga (R$ 12, cada) do Bode Cheiroso são praticamente uma lenda urbana. É que assim que são anunciados, somem como num passe de mágica. São edições limitadas. A dica é dar plantão por lá ou ficar de olho no Instagram do bar. É, ninguém disse que seria fácil.