"Sereneta", disco que Fagner lança na próxima sexta (18), traz um dueto do cantor e compositor cearense com Nelson Gonçalves. Eles dividem a cena na canção que batiza o trabalho, tendo como base uma voz de Nelson gravada em álbum de 1991. A homenagem resgata a história de Fagner com um de seus maiores ídolos na música e uma relação que não começou nada bem, como lembra ele.
— Quando lancei "Noturno" (Coração alado), Nelson me atacou ferozmente em entrevista à "Revista Manchete". Disse que eu gritava muito e que, se um cantor como eu aparecesse na época dele, levava uma surra de vara. Fiquei louco para responder. Um dia, o encontrei no aeroporto e sacaneei: "Você dava surra de vara na sua época. Hoje, nós é que estamos dando". Ali nasceu uma grande amizade.
Composto por uma seleção afetiva de Fagner, que cresceu ouvindo serestas, o álbum traz também "Valsinhha", canção de Vinicius de Moraes e Chico Buarque, amigo com quem Fagner também se estranhou. Desta vez, por divergências políticas.
— Até pensei "será que ele vai deixar eu gravar?". Acho que deixou, né, o que já é uma bandeira branca. Se ele não achar que assassinei a música, vai ser uma maravilha. Tenho vontade de dar um abraço no Chico.
Nesta entrevista, o compositor de 72 anos fala das batalhas verbais com Caetano Veloso ("Eu falava umas coisas do baianos, e Caetano ficou chateado. Às vezes, não entendem brincadeira de cearense") e Belchior ("sofri muito na mão dele, não consigo relevar totalmente"), além de reconhecer seu temperamento explosivo ("Sou respondão. Falei o que não devia e não me arrependo").