Se você está em dúvida sobre o que dar de presente neste Natal, muita atenção a esta lista. Ela pode fazer um amigo, um familiar ou uma pessoa amada feliz. Nove colunistas do Segundo Caderno — Patrícia Kogut, Joaquim Ferreira dos Santos, Leo Aversa, Cora Rónai, José Eduardo Agualusa, Martha Batalha, Ruth de Aquino, Nelson Motta e Cacá Diegues — apresentam, cada um deles, cinco livros de cabeceira deste ano.
Gosto não se discute (e cada um tem o seu), mas há algo em comum na cabeceira dos nossos colaboradores. A literatura brasileira ocupa um espaço privilegiado, com muitos títulos e autores citados. Laurentino Gomes e Sérgio Rodrigues, por exemplo, estão entre os que receberam votos de mais de um jurado.
Escritora mais vendida de 2022, Carla Madeira impressionou Nelson Motta, que incluiu, inicialmente, três livros da mineira em sua lista brasileira, “Tudo é rio” (2014), “Véspera” (2021) e “A natureza da mordida” (2022). Mas, diante do desafio de escolher apenas títulos de 2022, incluiu o último e abriu espaço para “Via Ápia”, de Geovani Martins, e “A pediatra”, de Andréa del Fuego.
— Os livros da Carla me deram muita emoção e alegria em um ano tão analfabeto — argumentou.
Cora Rónai e Joaquim Ferreira dos Santos montaram listas bem variadas, com equilíbrio entre ficção, não ficção e literaturas de diferentes países.
Joaquim destacou o “momento de boa poesia” com a edição da obra completa de Caetano Veloso (editada por Eucanãa Ferraz) e “acontecimentos” literários como mais um lançamento de Joan Didion, que morreu no final de 2021. Já “O livro do disco: Nara — 1964”, de Hugo Sukman, ajuda a explicar “o contexto da cultura brasileira no início dos anos 1960”.
— Este foi o ano em que o Brasil descobriu Annie Ernaux. Vários livros dela chegaram às nossas livrarias pela primeira vez e, além de ganhar o Nobel, ela foi a grande estrela da Flip. Faz todo o sentido que esteja presente em tantas listas, ela tem uma escrita única e universal — diz Cora.
Por sua vez, o angolano José Eduardo Agualusa lembra que, em 2022, começaram a ser publicados em língua portuguesa livros de autores africanos que ganharam prêmios literários importantes em 2021. É o caso do Nobel tanzaniano Abdulrazak Gurnah e também o do senegalês Mohamed Sarr, vencedor do Prêmio Goncourt, o mais importante da França:
— Foi um ano de afirmação internacional das literaturas africanas, que em 2021 ganharam praticamente todos os prêmios literários relevantes, incluindo o Camões.
Martha Batalha, que também preferiu indicar apenas obras nacionais, acredita que “precisamos demais nos ler, entender e elaborar”:
— Foi outro grande ano para a literatura brasileira, com sólidos lançamentos de romancistas e contistas consagrados e iniciantes, e uma produção extraordinária de não ficção, com destaque para os excelentes livros sobre a história recente, baseados em reportagens investigativas.
Cacá diegues
- “Escravidão volume 3", de Laurentino Gomes (Globo Livros)
- “Folias de Aprendiz” , de Geraldo Carneiro (História Real)
- “Gótico nordestino”, de Cristhiano Aguiar (Alfaguara)
- “O livro do disco: Nara Leão: Nara 1964”, de Hugo Sukman (Cobogó)
- “Pequenas vinganças”, de Edney Silvestre (Globo Livros)
Cora Rónai
- Quando deixamos de entender o mundo, de Benjamín Labatut (Todavia)
- Sobrevidas, do Abdulrazak Gurnah (Companhia das Letras)
- "Meu Muito Querido Pedro", de Fal Azevedo e Suzi Castelani (Drops Editora)
- História(s) do Cinema, de Jean-Luc Godard (Círculo de Poemas)
- "O Acontecimento", de Annie Ernaux (Fósforo)
Joaquim Ferreira dos Santos
- “Flâneuse” (Fósforo), de Lauren Elkin
- “O livro do disco: Nara - 1964”. de Hugo Sukman (Cobogó)
- “O Jovem”, de Annie Ernaux (Fósforo)
- "Sul & Oeste”, de Joan Didion (Harper Collins)
- “Letras” (Companhia das Letras), de Caetano Veloso (org. Eucanaã Ferraz)
José Eduardo Agualusa
- “Quando deixamos de entender o mundo”, de Benjamín Labatut (Todavia)
- "Pessoa: uma biografia", de Richard Zenith (cia das letras)
- “Sobrevidas”, de Abdulrazak Gurnah (Companhia das Letras)
- “O infinito em um junco”, de Irene Valejjo (Intrínseca)
- “Futuro Ancestral”, de Ailton Krenak (Companhia das Letras)
Leo Aversa
- "Vila Sapo", José Falero (Todavia)
- "O fastio do diabo", Ana Luisa Escorel (Ouro Sobre Azul)
- "A vida futura", Sergio Rodrigues (Companhia das Letras)
- "Para ouvir o samba", Luís Filipe de Lima (Funarte)
- "Solitária", Eliana Alves Cruz (Companhia das Letras
Martha Batalha
- A vida futura”, de Sérgio Rodrigues (Companhia das Letras)
- “Dicionário fácil das coisas difíceis”, de Débora Thomé e Lucio Rennó (Jandaíra)
- “Diorama”, de Carol Bensimon (Companhia das Letras)
- “O negócio do Jair”, de Juliana Dal Piva (Zahar)
- “Tia Ciata e a pequena áfrica no Rio de Janeiro”, de Roberto Moura (Todavia)
Nelson Motta
- "A natureza da mordida", Carla Madeira (Record)
- "Os perigos do imperador", Ruy Castro (Companhia das Letras)
- "A vida futura", Sergio Rodrigues (Companhia das Letras)
- "A pediatra", Andrea del Fuego (Companhia das Letras)
- "Via Apia", Geovani Martins (Companhia das Letras)
Patrícia Kogut
- "O acontecimento", Annie Ernaux (Fósforo)
- "A vergonha", Annie Ernaux (Fósforo)
- "A vida futura", Sérgio Rodrigues (Companhia das Letras)
- "Escravidão volume 3", Laurentino Gomes (Globo Livros)
- "Uma temporada no inferno", de Henrique Samyn (Malê)
Ruth de Aquino
- "Solitária", de Eliana Alves Cruz (Companhia das Letras)
- "Estela sem Deus", de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
- "A filha única", de Guadalupe Nettel (Todavia)
- "A vergonha", de Annie Ernaux (Fósforo)
- "Violeta", de Isabel Allende (Record)