Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo quarta, 18 de novembro de 2020

COPA DO MUNDO - ELIMINATÓRIAS - BRASIL VENCE O URUGUAI POR 2 A 0NTA O URUGUAI

 

ELIMINATÓRIAS DA COPA DO MUNDO - BRASIL VENCE O URUGUAI POR 2 A 0

O que a eficiência de Éverton Ribeiro diz sobre o futebol jogado no Brasil

Atuação do meia alimenta debates sobre nível do jogo doméstico e sobre a eterna crise de calendário
 
Éverton Ribeiro pela seleção brasileira Foto: Miguel Schincariol/CBF
Éverton Ribeiro pela seleção brasileira Foto: Miguel Schincariol/CBF
 

Os tempos atuais não são muito convidativos a grandes exibições de seleções - uma brutal exceção foi a escandalosa goleada espanhola sobre a Alemanha. Mas foi com absoluta segurança que o Brasil fez 2 a 0 no Uruguai, jogo que exigiu virtudes diferentes das exibidas nas rodadas iniciais e que viu o Brasil responder bem às necessidades. Só que o mais curioso foi perceber como a noite em que Éverton Ribeiro teve participação importante terminou por realimentar discussões importantes sobre o futebol jogado no Brasil.

Numa era de globalização em que o futebol europeu é o centro do mundo, é natural que um desempenho dominante no futebol brasileiro não baste para ser visto como garantia de sucesso na elite do jogo. A discussão vale para Everton Ribeiro, que nunca foi se provar na Europa e é jogador dominante no futebol doméstico do Brasil. Constatar sua dificuldade contra o Liverpool, na final do Mundial de Clubes, soa um tanto cruel. Afinal, estava diante dele a melhor pressão do mundo, que já engoliu jogadores da Europa inteira. Por outro lado, é fato que em boa parte da temporada brasileira os espaços são mais fartos para se jogar. Ontem, em Montevidéu, o meia rubro-negro deu argumentos aos dois lados do debate.

Uma mudança tática de Tite foi vital para o Brasil chegar aos 2 a 0 no primeiro tempo. E afetou Éverton Ribeiro. O jogador rubro-negro começou como um dos meias centrais e, recebendo a bola entre as linhas de defesa uruguaia, parecia carecer de tempo e espaço para controlar a bola e executar jogadas. Sofreu desarmes no início do jogo, teve dificuldades para dar sequência aos lances.

Brazil's Everton Ribeiro (L) and Uruguay's Agustin Oliveros vie for the ball during their closed-door 2022 FIFA World Cup South American qualifier football match at the Centenario Stadium in Montevideo on November 17, 2020. (Photo by Raul MARTINEZ / POOL / AFP) Foto: RAUL MARTINEZ / AFP
Brazil's Everton Ribeiro (L) and Uruguay's Agustin Oliveros vie for the ball during their closed-door 2022 FIFA World Cup South American qualifier football match at the Centenario Stadium in Montevideo on November 17, 2020. (Photo by Raul MARTINEZ / POOL / AFP) Foto: RAUL MARTINEZ / AFP

Ao passar para a direita, de onde buscava o centro, teve ótimos momentos. Num deles, na lateral da área, participou bem da jogada em que Gabriel Jesus foi pivô para Arthur marcar em chute desviado. Em outro, num belo toque de calcanhar, abriu campo para Douglas Luiz avançar: dali saiu o escanteio e o gol de Richarlison. Passou a ser muito mais influente na partida, partindo da lateral do campo para buscar os espaços.

Outra questão que sua atuação levanta, do início menos efetivo até a participação em lances decisivos, é a forma como ela repercute no Brasil. Enquanto Éverton Ribeiro dava bons passes, se exibia bem pela seleção como titular num dos clássicos mais ricos em história no futebol mundial, parte importante do público brasileiro torcia o nariz. É um imenso exagero e um descolamento do mundo real dizer que "ninguém liga" para a seleção. Mas o criminoso calendário do país transformou seleção e clubes em rivais.

Apenas por fazer seu trabalho, o técnico da seleção se torna vilão por manter em campo um atleta que tinha bom desempenho numa partida importante - notem o contrassenso.

Havia quem contabilizasse os minutos de Éverton Ribeiro em campo para especular sobre a possibilidade de um jatinho, um descanso e uma massagem milagrosa o colocarem em campo diante do São Paulo, 24 horas depois, pela Copa do Brasil. Havia quem amaldiçoasse a própria existência do jogo da seleção, embora o futebol mundial tenha definido há alguns anos a existência das datas-Fifa. E só o Brasil e um punhado de nações, quase todas do terceiro ou quarto mundos da bola, não as respeitam.

Richarlison comemora após marcar o segundo gol do Brasil Foto: Lucas Figueiredo/CBF / Agência O Globo
Richarlison comemora após marcar o segundo gol do Brasil Foto: Lucas Figueiredo/CBF / Agência O Globo

De tão mal gerir seu calendário, de tanto atentar contra o bom-senso e contra a saúde dos jogadores, a CBF expõe a seleção brasileira, admirada no mundo inteiro, à antipatia dentro de sua própria casa. Agora, ficará a expectativa sobre o resgate que pode levar Éverton a São Paulo a tempo de jogar no Morumbi nesta quarta-feira. O Brasil criou um novo e deturpado padrão de profissionalismo. Pobre do jogador que, mesmo cheio de razão, um dia se recusar a jogar duas vezes em dois dias seguidos.


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