Ao longo da história da seleção brasileira, a camisa 10 sempre teve um significado ímpar. O jogador que a veste encarna uma aura de entidade, de representação do suprassumo da técnica e da arte que é jogar bola nessas terras. Apesar da ascensão de uma nova geração, Neymar nunca deixou de ser essa figura no contexto da seleção comandada por Tite. As polêmicas jamais foram capazes de fazer surgir outro jogador com as suas qualidades e importância no campo. Por isso, ele volta nesta segunda, 16h, contra a Coreia do Sul, para de um jeito ou de outro tentar conduzir o Brasil às quartas de final da Copa do Mundo, depois de se recuperar da entorse no tornozelo direito sofrida na estreia.
— Eu prefiro a utilização do meu melhor jogador desde o início. O técnico tem que assumir o risco — disse Tite, já sem mais esconder que o Brasil precisa de Neymar. E há uma série de razões para que ele tenha confirmado a escalação com um “sim” a plenos pulmões.
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O que faz o camisa 10 fundamental no âmbito da seleção atualmente vai além do campo. O craque contagia o ambiente, independentemente de suas posições pessoais e o jeito meio adolescente para um homem de 30 anos. Sem Neymar em dois jogos, os demais jogadores o reverenciaram em comemorações e homenagens e admitiram sua falta. Como em todo grupo, há um líder a ser seguido, e neste ele é Neymar, até mais do que Tite, para a maioria dos 26 convocados. Em campo, essa maioria vira unanimidade. Último a entrar no gramado em cada treino, a sensação de todos é que sem ele falta alguma coisa.
Frieza dos números
O curioso é que as estatísticas da Fifa não contabilizam essa falta de forma tão precisa. Em que pese as mudanças na escalação, a seleção teve uma queda abrupta no número de finalizações do primeiro para o segundo jogo, contra a Suíça, cujo sistema defensivo é dos melhores da Europa, e depois voltou a produzir, mas não com o mesmo volume e qualidade.
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Não é possível dizer que isso passou apenas pela falta de Neymar, mas a média de finalizações de 17,3 por partida após três jogos foi uma com ele em campo e outra sem. Na estreia contra a Sérvia, o Brasil finalizou 24 vezes e teve cinco arremates de dentro da área dos 10 que foram em direção ao gol. Diante da Suíça, já sem Neymar, o número geral caiu para nove. Foram quatro das cinco finalizações no gol de dentro da área. Já frente a Camarões, o índice voltou a crescer: 19 finalizações, cinco das seis de dentro da área em direção ao gol. O Brasil ganhou nove de 14 duelos pelo chão no primeiro jogo (64%). No segundo, 15 em 21 (71%), e no último, sete em 11 (63%). Não há números sobre dribles, apenas assistências e gols, que Neymar não teve em pouco menos de 90 minutos.
Desde 2014, são nove participações, com seis gols e três assistências para o Brasil. O camisa 10 estreou na Copa do Mundo em 2014, e foi o principal nome da equipe até se lesionar nas quartas de final contra a Colômbia. Foram cinco partidas e quatro gols marcados — dois contra a Croácia e dois contra Camarões. Em 2018, na Rússia, voltou a ser o astro brasileiro em cinco partidas, com dois gols marcados, contra a Costa Rica e contra o México. Em 2022, nada mudou: Neymar segue fundamental e a principal esperança para o hexa. Até que se encontre um novo 10.