Até pouco tempo, pensava-se em soja, coco e castanhas quando o assunto era bebida vegetal. Mas, agora, a aveia tem abocanhado o posto de “leite” plant based da vez. Os motivos são vários: é mais adocicado, harmoniza melhor com café (e até faz espuma, para a alegria dos baristas) e tem um processo de produção mais sustentável (consome menos água do que os outras da categoria, por exemplo). Nesse embalo, duas marcas focadas em bebida feita de aveia foram lançadas nas últimas semanas: a Naveia e a Nude., ambas com identidade visual caprichada e desenvolvidas por pessoas cheias de propósito.
A Naveia, do carioca Felipe Melo e da sueca Alex Soderberg, começou a ser pensada em 2017, quando o casal, que morava em Berlim, viu o boom que a aveia estava vivendo na capital alemã. Ele, que sempre gostou de explorar novos territórios (quem lembra de Felipe apresentando os programas “Não conta lá em casa”, exibido por oito anos no Multishow, e “Que mundo é esse?” na GloboNews?), e ela, que trazia na bagagem a experiência de trabalhos com agricultura sustentável e indústria de alimentos, apresentaram para amigos do Rio o projeto de uma empresa de laticínios vegetais brasileira guiada pelo consumo consciente. Do encontro nasceu a Evolat, dedicada aos produtos vegetais. Na estreia, estão os de aveia, é claro. “Nosso primeiro foco foi no sabor. Não adianta ser sustentável se não der vontade de beber. O segundo foi ter um preço acessível, não queremos ser possíveis apenas para uma bolha de privilegiados. E a aveia permite unir tudo isso”, conta Alex. “Em Berlim, percebemos que a bebida pode se popularizar sem ser focada no veganismo. É gostosa e cool.”
Serão três sabores: o original, já à venda em lojas como Bio Mundo e no site naveia.com.br, o barista, para combinar com café, e o achocolatado, pensado nas crianças. “O Brasil tem o maior rebanho de gado do mundo e 80% de suas pastagens estão com o estado do solo em degradação. Uma verdadeira mudança só seria possível se tivéssemos uma bebida mais gostosa do que o leite de vaca e que alcançasse um preço competitivo. Uma missão difícil, mas necessária”, reforça Alex.
Quando morou em Berlim (sempre lá), Giovana viu o mesmo movimento ao redor dos baristas que faziam suas criações usando a bebida vegetal e diversas marcas despontarem no mercado. “Virou uma febre que, depois da Europa, espalhou-se pela América. Em 2019, o leite de aveia teve um crescimento de 600% nos Estados Unidos. No Brasil, a categoria ocupa apenas 1,9% no mercado leiteiro. Ou seja, tem espaço de sobra para novas marcas chegarem”, diz.
Além de uma fórmula bem trabalhada, que junta apenas aveia, água e as enzimas naturais que dão corpo e dulçor, a Nude. foca na sustentabilidade. “Ser orgânico é o mínimo. Somos a primeira marca da América Latina a colocar a Pegada de Carbono (medida que calcula quanto do gás o produto emite para a atmosfera) no rótulo. Criamos nosso modelo contemplando valores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030, absorvemos as pautas do Sistema B (movimento global que mede o impacto socioambiental de uma empresa), pensamos nos descartes de embalagem com o selo Eu Reciclo”, lista.
A marca chega com cinco sabores: o básico, a versão barista, a com adição de cálcio e as saborizadas com baunilha e cacau. No Rio, as vendas são no Hortifruti e a ideia é se espalhar pelos cafés, como Gaia, no Leme, e o Coffee Five, no Centro. “Temos uma pessoa responsável exclusivamente pelas vendas nos cafés, um dos nossos focos, já que, no Brasil, a cultura está crescendo, e o café com leite é uma tradição”, diz ela.
Sobre o nome, Giovana conta que a ideia vem do conceito de transparência. “De não ter nada a esconder, se despir mesmo. Mais do que buscar o que é apenas disruptivo e diferente, decidimos construir uma marca baseada em transparência, simplicidade e natureza. Não tem nada mais inovador e resistente do que isso”, garante.
Assim como a Naveia, a Nude. não pretende parar nas bebidas. A ideia é conquistar muito além de veganos e vegetarianos e seguir desenvolvendo produtos como sorvetes, cremes, iogurtes e que tais que sejam plant based, muito gostosos, com preços competitivos e pensados numa relação responsável com o meio ambiente. Tudo isso com uma estética moderna e atraente, bem como deve ser a alimentação 2.0.