Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Coluna do DIB quinta, 11 de abril de 2019

AVENTURAS EM TERRAS LUSITANAS

 

AVENTURAS EM TERRAS LUSITANAS

A. C.  Dib

 

                   Em recente e edificante viagem à pátria de Camões, muitas e maravilhosas foram as experiências vividas. Celebrando vinte e cinco anos de matrimônio, optamos pela cidade do Porto ─ que até então não conhecíamos ─ para vivenciar nossas bodas em grande estilo. Para gáudio geral, a opção revelou-se a mais feliz possível.

                   Porto ─ outrora Portus Cale ─, segunda cidade portuguesa ─ atrás de Lisboa ─, é berço do primitivo Condado Portucalense, sendo sua primeira capital. Da retomada do Porto teve início a reação portuguesa frente à invasão e domínio dos mouros sobre boa parte da Península Ibérica. Brinco e primor de cidade, encantadora e romântica, adequada às nossas Bodas de Prata. Berço do notável rei, Infante Dom Henrique, cognominado O Navegador e famosa pelo fortificado e dulcíssimo vinho que leva seu nome ─ em verdade produzido na Região do Douro, a nordeste de Portugal. Seus habitantes ─ envaidecidos ─ se intitulam “tripeiros”, título decorrente de episódio da história, no qual doaram todo o estoque de carne, em altruísta esforço de guerra, restando-lhes para consumo apenas as vísceras bovinas.

                   Ainda que desconhecêssemos a cidade do Porto, já conhecíamos Portugal ─ Lisboa e outras cidades mais ─ e gratas foram as surpresas que tivemos nesse regresso. Os serviços melhoraram consideravelmente, com intenso profissionalismo e expertise na gestão do turismo: se antes éramos recebidos com certa dose de impaciência e rabugice, hoje os pais lusitanos se desdobram em amabilidades e atenção. A gastronomia, aproximada à mediterrânea, com foco nos frutos do mar, azeite saborosíssimo e vinhos inigualáveis, agora diversificou-se mais, sofisticou-se: a carne de vaca, antes infalivelmente cozida, agora já se acha em casas especializadas em assados e grelhados e em churrascarias, com peças selecionadas e importadas do Uruguai e da Argentina. A hotelaria apresenta-se incensurável, digna das melhores cidades do globo, com hotéis e hospedagens para todos os gostos e condições financeiras. A história e as tradições portuguesas, riquíssimas, a inspirar-lhes desmedido orgulho, dispensam qualquer comentário.

                   No Porto, cumprimos périplo básico aos marinheiros de primeira viagem: tour pela cidade ─ com guia e no Yellow Bus ─; visita a Cave de Cálem ─ pertencente à Casa Ferreira ─, localizada em Vila Nova de Gaia, com direito à degustação; cruzeiro pelo caudaloso Rio Douro; visita à uma quinta ─ notadamente a Quinta do Valdoeiro, pertencente à Casa Messias e localizada na Região da Bairrada; visita à Rua Santa Catarina ─ a rua das lojas de grife ─, com almoço no Café Majestic e visita à belíssima e histórica Livraria Lello ─ curiosamente salva da falência pela série Harry Potter, que usou a livraria como cenário em alguns filmes. Visitamos também a cidade/Universidade de Coimbra, localizada próxima ao Porto.

                   Aos que apreciam a alta gastronomia e não se incomodam de desembolsar uns bons cobres, sugiro um jantar ─ com reserva prévia ─ no ultrassofisticado restaurante Antiqvvm ─ registro que não sou pago pela propaganda, fazendo-a exclusivamente por amor aos meus leitores.

                   Agora, uma das experiências mais pitorescas e interessantes que tivemos ─ e não posso deixar de dividir aqui ─ foi o convívio com os ingleses. De fato, depois dos brasileiros, creio que os ingleses são o povo que mais visita Portugal. Assim, em descoberta curiosíssima assinada pela Doutora Wanisa das Graças, com boa dose de espanto, verificamos quão parecidas são as senhoras inglesas dos seus maridos. Desenvolvo a teoria de que, engraçadinhas ao se casarem, com o passar dos anos, com o convívio diário e com a admiração intensa, vão essas damas, em perturbador fenômeno de mimetismo, vão assumindo, pouco a pouco, o aspecto físico e as características de seu husband. Fenômeno camaleônico! Seus rostinhos, rigorosamente lavados, sem qualquer pintura ou uso de adornos, apresentam-se engelhados como vetustos maracujás de gaveta. O cabelo, inapelavelmente grisalho, é um misto de Noviça Rebelde (feito em ambiente doméstico) com Joãozinho. No vestir, calças compridas, camisa social de gola e botões, sapato baixo e paletozinho. De aspecto físico são magras, secas e sem curvas como o suculento bacalhau português. Ver um inglês é o mesmo que ver sua cônjuge. Gêmeos siameses!

                   Agora verifico de onde vem o sisudo aspecto do inglês. Tivesse eu consorte daquelas também assumiria tal carranca. A primeira ministra britânica Theresa May seria a Miss Universo frente às damas sub análise.

                   Observamos igualmente que os nobres bretões levaram das escarpas highlanders às terras lusitanas toneladas e toneladas de vírus da influenza. Para nosso infortúnio, não havia um só lugar livre de um lastimável infectado. E tome espirros, e tome tosses guturais, e tome catarros, e tome fungadelas, e tome o vibrar de lenços brancos frente a narizes sanguíneos e intumescidos. Fico a me perguntar: Caralho! Eles tem a bomba atômica, porventura desconhecem a vacinação anual de gripe? Tal como desconhecem tintura de cabelo (e o próprio cabeleireiro), maquilagens e adornos femininos, cosméticos e saias (atualmente empregadas exclusivamente por cavalheiros escoceses)?

                   Em suma: nada como uma boa viagem para se abrir a mente! E ─ descoberta fascinante! ─ as véias inglesas são idênticas a seus circunspectos maridos. Cara de um...

                   God save the Queen!


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