Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 19 de dezembro de 2020

ANITTA APLICA VACINA CONTRA CARETICE

 

'Made in Honório', a vacina de Anitta contra a caretice

Cantora faz exibição despudorada dos próprios segredos e exalta direito de a mulher ser feliz como quiser em novo documentário
 
Anitta na série 'Made in Honório', da Netflix Foto: Divulgação
Anitta na série 'Made in Honório', da Netflix Foto: Divulgação
 

“Anitta, made in Honório”, na Netflix, foi filmado no século passado de 2019 quando ainda era o máximo do escândalo uma cantora abaixar a calça jeans diante da câmera e o farmacêutico lhe aplicar no bumbum, sempre funkeiramente empinado e em close, uma injeção de corticoide. Um ano depois, na realidade heavy-metal de dezembro de 2020, o grande escândalo é a morte e o discurso contra a vacina que impede a morte.

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Anitta não tem culpa se seus escândalos, muito mais divertidos e libertadores, foram rebaixados. Num momento em que o país é governado pelo preconceito mais reacionário, esta nova rodada da exibição deles presta serviço emergencial de anticaretice. Numa festa, ela beija ao mesmo tempo a boca de um homem e de uma mulher. Numa resenha com amigos, sobre o que lhe aconteceu na cama da noite passada, simula o enfrentamento com uma “anomalia peniana” e mostra o desconforto que tal causou. Em seis capítulos de meia hora, fica claro: o único pecado aqui é trair. O resto vale — acima de tudo, o direito de a mulher escolher ser feliz do jeito que quiser.

 

 

Nunca na história do showbiz deste país uma artista abriu com tanta disposição as portas e janelas dos seus quartos, banheiros e camarins. Entrem, rapazes, e mostrem o que lhes for da curiosidade. O documentário de Andrucha e Pedro Waddington, com uma edição ao estilo nervoso dos clipes, é jornalisticamente excepcional. A devassa da devassa. Não é a investigação clássica da intimidade da artista, mas a exibição despudorada dos seus segredos feita por ela mesma. Houve o cuidado apenas de, em quatro ou cinco momentos, botar um emoji gaiato no rosto dos bofes com quem a cantora, nos meses do final de 2019, estava na cama.

 

Anitta 'sem filtro' e 'gente como a gente':da infância no subúrbio à descoberta de um irmão, vida da artista é tema de nova série

De resto, lá vai Anitta caminhando pelo corredor de seu casarão ao mesmo tempo que deixa a calcinha escorregar domesticamente entre as pernas. Lá vai a superstar preparando a bolsa para o fim de semana: lubrificante, preservativo, vibrador. Lá vai a cantora de “Menina má” explicando para a mãe, ansiosa em saber a profissão do peguete de ontem à noite, que não tinha a mínima noção: “Era só um gato!”

Briga com equipe

Os bastidores da carreira são divulgados em detalhes, às vezes cruéis. O esporro que Tom Cruise deu semana passada na equipe de “Missão impossível 7” soa como declaração de amor diante das broncas de Anitta, a pistola empoderada dos negócios. Imagine os palavrões em f e p quando ela soube que o editor do clipe pôs em câmera lenta as bundas das dançarinas.

 

“Eu não dou ponto sem nó”, diz sobre as estratégias que desde a infância pobre em Honório Gurgel, subúrbio do Rio, desenvolveu em busca da eficiência para um dia realizar o sonho de “chegar lá” e ser “a dona da porra toda”. Gogó e repertório são coisas do tempo da Ângela Maria. É preciso estratégia digital. Em outubro, tinha cinco bilhões de visualizações no YouTube contra 3,4 bilhões da Madonna. Não foi à toa que se boquiabriu com quem entrava numa loja de Aspen: “Mariah!”, gritou. E imediatamente Mariah Carey (4,8 bilhões) gritou de volta: “Anitta” — e as duas rainhas das redes se abraçaram muito.

 

“Made in Honório”, em pleno retrocesso civilizacional do país, é um rebolado pela liberdade de ir em frente. “Dei pra muita gente, mas porque é bom, não pra conseguir favores.” “Tia, me mostra a foto da tua filha, soube que ela gosta de pegar mulher.” No momento dramático da série, o estupro aos 14 anos. “Foi daí que nasceu a Anitta”, diz. “Da minha vontade e necessidade de ser uma mulher corajosa, que nunca ninguém pudesse machucar, que nunca ninguém pudesse fazer chorar, magoar.” Os comentários sobre a cena chegaram aos trending topics do Twitter, onde tem 12,5 milhões de seguidores — e mais uma vez Honório Gurgel se encheu de orgulho.


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