A CAIXA D´ÁGUA
Anos atrás, em Serrana, cidade do interior nordestino, o prefeito João Tanajura se celebrizou pelas gafes constantemente cometidas. O homem mal sabia ler e escrever. Os vereadores, conhecidos por apelidos como Zé do Toucinho, Antônio do Carvão, José da Telha e outros, não ficavam atrás. A situação era de fazer vergonha.
O prefeito, que era chamado de “Coronel”, costumava se reunir com o vice-prefeito, um pouco mais letrado, e assessores, para “redigir” mensagens, que seriam submetidas à apreciação da Câmara Municipal, tomando decisões políticas importantes. Quando algum companheiro duvidava do êxito das suas pretensões, ele insistia no seu ponto de vista e encerrava as reuniões assim:
– Vocês acham que não vai dar certo?
– Achamos, “Coronel”.
E ele respondia, em cima da bucha:
– Pois bem! Se não der certo, não tem “poblema”. Nós mesmo “faz”, nós mesmo “desmancha”.
Certa vez, chegou à Prefeitura, atendendo a um requerimento do Prefeito, uma comissão técnica especial, oriunda do órgão estadual competente, a fim de vistoriar a antiga caixa d’água, que armazenava água potável para abastecimento da população. Pessoas leigas haviam espalhado o boato de que a caixa d’água estava inclinando e iria desabar a qualquer momento. A população entrou em polvorosa.
Depois de rigorosa perícia técnica, o grupo se reuniu com o prefeito e assessores, apresentando um laudo e um relatório, onde estava registrada a total ausência de perigo de desabamento da referida caixa d’água. Segundo os peritos, a ligeira inclinação notada era efeito da clássica lei da gravidade ou gravitação universal, formulada pelo físico Isaac Newton, que diz:
“A força da gravidade é diretamente proporcional às massas dos corpos em interação e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles”.
Como é óbvio, o prefeito, que tinha pouco estudo, não entendeu patavina dessa explicação. Bastante irritado, levantou a voz e falou:
– Eu quero saber se essa lei é “federá”,”estaduá” ou “municipá”! Quero resolver isso logo!!!
Os engenheiros se controlaram para não sorrir. Tranquilizaram o “Coronel” de que o problema não tinha nada a ver com a legislação federal, estadual ou municipal. E O prefeito fez de conta que estava entendendo tudo.
Numa das visitas do Governador do Estado a essa mesma cidade, para inauguração de uma obra, houve um banquete em sua homenagem, no único clube social ali existente. Na hora do cafezinho, o prefeito pôs na sua xícara umas gotinhas de “Suíta”, o adoçante dietético da época. O Governador , sentado ao seu lado, delicadamente, perguntou:
– Prefeito, o senhor é diabético?
A resposta foi rápida:
– Não, Governador! Eu sou o Prefeito de Serrana!!!