Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sábado, 29 de junho de 2019

A ABRIDEIRA

 

 

A ABRIDEIRA

 

No Brasil, a aguardente de cana, posteriormente denominada “cachaça”, está ligada à cultura popular, assim como o samba e o futebol. Começou como bebida dos escravos e de pessoas pobres. Com a evolução dos costumes, os ricos descobriram a cachaça e o preconceito que havia contra ela desapareceu. Atualmente, a cachaça está presente nos melhores restaurantes nordestinos e é considerada a “Abrideira” do apetite, principalmente quando se trata de uma feijoada.

A cachaça nasceu da indústria do açúcar. Tornou-se bebida nacional e está para o Brasil, como o Rum está para a Ilha de Cuba. O Tabaco, soberano em Cuba, e abundante no Brasil, não conseguiu superar a cachaça, na influência cultural.

Os negros e ameríndios gostavam muito da aguardente destilada do mel de açúcar. O nome “cachaça, termo do Brasil” surgiu em 1873, no Tesouro da Língua Portuguesa, de Domingos Vieira,

A cachaça tornou-se a mais popular bebida brasileira. Foi a primeira bebida destilada pelo português, imitando a técnica espanhola usada na América. Para a cachaça, convergiram todos os sumos das frutas nativas ou aclimatadas no Brasil, resultando na série inacabável das “batidas”.

Como toda bebida alcoólica, a cachaça, tomada com moderação, não faz mal a ninguém. No entanto, quando o hábito de beber se torna um vício, qualquer bebida passa a ser prejudicial à saúde.

As bebedeiras tem sido responsáveis por casos hilários.

Certa vez, após uma festa de Padroeira numa cidade do interior, Josenildo e mais dois colegas “biriteiros” pegaram a estrada para voltar para Caraúbas, num “Celta” antigo.

No primeiro boteco que eles avistaram, pararam o carro para ir ao banheiro e aproveitaram para beber umas “bicadas” de cachaça. Logo continuaram a viagem e menos de duas horas depois, avistaram outro boteco. O mesmo ritual. Pararam, foram ao banheiro e aproveitaram para tomar outra “chamada”. Pegaram a estrada novamente. Quem estava dirigindo era Josenildo, o dono do Celta. Nessa pisada, já viajavam ha mais de três horas, e ainda havia muita estrada pela frente.

Uma hora depois, avistaram outro boteco e pararam novamente, para as mesmas finalidades.

Prosseguiram viagem novamente, até que avistaram mais um boteco. Quando Josenildo estava estacionando, notou que o possível dono estava fechando as portas. Os três homens desceram do carro, e só por muita insistência o proprietário os atendeu. Disse que serviria apenas uma dose a cada um, pois estava de saída. Iria ao velório de um fazendeiro da região, Seu Brás Fonseca, de quem era compadre..Josenildo disse que o falecido era seu padrinho de Crisma e por isso eles também iriam ao velório. Os três viajantes do Corsa acompanharam o fusquinha do dono do boteco.

Chegando ao casarão da fazenda, dirigiram-se à enorme sala, onde estava ocorrendo o velório. Josenildo, já bastante melado, não suportou olhar para o morto e chorou compulsivamente, chegando a beijar-lhe a testa. Disse que aquele homem era seu padrinho de Crisma e para ele representava o seu segundo pai..Disse que naquele triste momento, sentia-se órfão de pai pela segunda vez. Seu pai havia morrido, há dois anos.

Os três filhos do “de cujos” cumprimentaram Josenildo e ele explicou que morava em São Paulo há alguns anos, e tinha vindo de férias, visitar a mãe e a irmã.

Na realidade, os três amigos nunca tinham visto o falecido. Mesmo assim, Josenildo fez um discurso, exaltando as boas qualidades do “seu padrinho”, e lamentando sua triste e inesperada partida.

Os três impostores passaram a noite toda no velório, comendo do bom e do melhor, e bebendo cachaça a noite toda, como é costume no interior.

 


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