2020: O ANO QUE NÃO EXISTIU
A. C. Dib
Frase muito batida nas rodas sociais ─ virtuais ─ na atualidade é a de que “2020 é ano para não ser lembrado”. O ano da peste ─ peste mundial ou pandemia, epidemia precedida do grego antigo pan a designar “tudo, todos” ─, ano do lockdown, ano do isolamento social, ano de muitas partidas e de muita luta pela vida. Acreditamos, porém, que o sofrimento se faz acompanhar de alguma didática.
Conforme Nietzsche, “aquilo que não me mata, só me fortalece”. 2020 é ano de muita luta, dor e sofrimento, mas é também ano de muitas lições. Pensamento recorrente é o de que crescemos, amadurecemos e aprendemos pelo sofrimento.
Não estamos aqui a fazer apologia do sofrimento, mas importa reconhecer que as grandes crises provocam a quebra do marasmo e do comodismo, motivam avanços científicos, escrevem histórias de superação, revelam grandes heróis. Avançam as pesquisas científicas, com vacina produzida em tempo recorde; médicos e profissionais da saúde se destacam em luta heroica nos hospitais, travada com idealismo e sacrifícios extremos; consolida-se a ferramenta da teleconferência; o comércio procura reinventar-se, com a dinâmica das transações virtuais; aumentam os cuidados com a assepsia.
Humildade é outra lição que merece ser apreendida. Verificamos, uma vez mais, que a mãe natureza merece respeito, atenção, carinho, inseridos que estamos em um grande, harmonioso e frágil complexo, onde vidas se entrelaçam, interagem e se complementam. Não é caso de subjugar a natureza, mas aprender com ela, atuando com humildade, responsabilidade e respeito, dentro de seus limites.
Ano bizarro, diferente, sem abraços, beijos e presença física, mas marcado pelo carinho, pela solidariedade diante da dor, pelo calor humano (ainda que não presencial) e pelo fervor das orações.
Que o novo ano, a se abrir, nos traga conforto para a dor, refrigério para a alma, solução para os conflitos, paz e saúde, muita saúde. Que seja o ano da cura, o ano da vacinação e da conquista da almejada “imunização de rebanho” ─ no jargão médico ─, que inibe a circulação do temível vírus. Que possamos colher os frutos da experiência, com humildade, sabedoria e inteligência.
Para todos, um feliz ano novo!
Incrível , prezado Antônio Carlos Dib, como sua visão é mesmo de um otimismo só comparável a Cândido , de Voltaire. Pangloss e esse é o melhor dos mundos que podemos ter. Não encarei a pandemia como uma oportunidade de crescimento , manifestações de solidariedade ou qualquer avanço . Ao contrário , um retrocesso do mundo que existiu e jamais o esqueceremos. Um ano de sofrimento e morte ! 2020 que vergastou . Por tanta dor e morte ficamos é mais fracos . Talvez a humildade por nos sabermos pequenos demais e impotentes diante do inevitável . Já ouvi que o sofrimento faz o ser humano crescer e aprender . Discordo . Muito sofrimento nos deixa encolhidos de tanto medo . Aprendemos foi desconfiança , insegurança , políticos com ares rompantes de cientistas e a manipular a população , até a mais culta, se aproveitando da fragilidade e desconhecimento que significou o vírus chinês . O mundo se submeteu à crueldade inerente de seres abjectos que , unidos a facções criminosas cujas quais devem pertencer , dominaram o cenário mundial . Calaram as vozes de quem sabia um pouco mais . Pensarei sobre esse ano com tristeza e desprezo que o ser humano sofreu em insanas decisões inconstitucionais , em especial nosso Brasil. Quem deveria ser Supremo acabou por se tornar ínfimo em sua manifestação de poder . Poder como defesa de fracassos acumulados em suas vidas pessoais . Seres impotentes que tentaram e ainda tentam subjugar como forma de superar tanta inferioridade que carregam dentro de si . Triste e doloroso ano de 2020/2021! De “lockdown”, de tira e põe a máscara ; de carnaval em acordo com traficantes e “bicheiros “ e o abuso da característica do ser humano de não ser responsável por suas próprias decisões . Assim sendo , em acatar o que bestiais homens da capa preta , em conluio com governadores insanos, decidiam impunemente . Obrigada por seus textos . Fazem refletir ! Dialogamos através deles . Parabéns pelo seu modo de olhar a vida . Quem sabe qual é o melhor mundo ? Abraços com admiração e estima . Teresa Cristina